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Expointer 2025: Entre o encanto do público e a retração dos negócios

  • Foto do escritor: Donario Lopes de Almeida
    Donario Lopes de Almeida
  • 8 de set.
  • 3 min de leitura

Ministros, Governador do RS e autoridades na abertura oficial da Expointer 2025
Ministros, Governador do RS e autoridades na abertura oficial da Expointer 2025

A Expointer 2025 terminou em Esteio com uma marca histórica: mais de um milhão de visitantes em nove dias de feira. Um espetáculo de público, que consolidou a força da marca e a paixão das famílias pelo contato com o campo. No entanto, por trás desse sucesso social, os números de negócios revelaram um cenário desafiador: retração de 45,7% em relação ao ano passado, somando R$ 4,4 bilhões. Um paradoxo que nos ajuda a entender o momento do agronegócio gaúcho.


A força social da feira

Com 1.010.020 visitantes — crescimento de 52,6% em relação a 2024 — a 48ª Expointer confirmou que é muito mais do que um evento de negócios. Tornou-se experiência de lazer, vitrine cultural e ponte entre campo e cidade. Famílias inteiras percorreram os pavilhões. Crianças encantaram-se com os pequenos animais. O público urbano se aproximou da gastronomia típica — do tradicional “costelão no baguete” aos queijos e salames artesanais. O turismo rural ganhou espaço, com estandes que mostraram opções de hospedagem e experiências em contato direto com a natureza. Esse movimento revela um ponto importante: o Agro não é visto apenas como setor econômico, mas como parte da identidade cultural do Rio Grande do Sul.


Negócios em compasso de espera

Enquanto os corredores lotavam, os números de vendas mostravam outra realidade. O setor de máquinas e implementos agrícolas, historicamente o motor financeiro da feira, registrou queda de 50%, com R$ 3,7 bilhões em negócios. O endividamento dos produtores, a incerteza sobre o chamado “tarifaço” e os impactos climáticos na safra explicam a retração. O comércio em geral caiu 66%, somando R$ 15,8 milhões. As vendas de animais, mesmo com recorde de inscrições, recuaram 18,5%, alcançando R$ 15,4 milhões. São números que evidenciam cautela. Mas houve também sinais positivos. A agricultura familiar foi o grande destaque: faturou R$ 13,6 milhões, crescimento de 25% em relação a 2024. Produtos inovadores, como barrinhas de cereal com frutas nativas, conquistaram o público. O artesanato também avançou, com aumento de 33,3% e R$ 2 milhões em vendas. O setor automobilístico manteve estabilidade, somando R$ 591,8 milhões.


Cinco mensagens da Expointer

A primeira lição é clara: o recorde de público não garante negócios. A feira é, cada vez mais, um espetáculo social, enquanto os investimentos no campo seguem em compasso de espera. A segunda mensagem vem do peso do endividamento e dos eventos climáticos. São fatores que travam o apetite por máquinas e grandes aquisições. A terceira é o papel da agricultura familiar. Resiliente, inovadora e conectada ao consumidor final, ela se consolidou como protagonista. A quarta é a força nacional da feira. Quase 60% dos negócios foram realizados com compradores de fora do Rio Grande do Sul, reforçando a relevância da Expointer como maior feira a céu aberto da América Latina, mas também deixando o alerta sobre o impacto para a indústria e o comércio locais. E a quinta mensagem vem da inovação e do turismo rural, áreas que despertaram enorme interesse do público urbano, abrindo novos horizontes para o campo.


O recado para o futuro

A Expointer 2025 deixa uma sensação ambígua: otimismo pelo sucesso de público, cautela pelos números de negócios. Para 2026, o desafio será duplo. Manter o encanto do público — que já é garantido — e, ao mesmo tempo, criar condições para que o produtor volte a investir. Isso significa crédito inteligente, estabilidade regulatória e apoio para enfrentar os riscos climáticos.


A agricultura familiar sai fortalecida, mostrando que a diversificação e a inovação são caminhos sólidos. Já o setor de máquinas e implementos precisa de confiança para destravar seu potencial.


Em resumo, a Expointer mostrou que o Agro Gaúcho tem vitalidade cultural e social, mas carece de um ambiente econômico mais favorável para retomar o crescimento em negócios.

Na SulTV, seguimos acompanhando esses movimentos, conectando campo e cidade, tradição e inovação. O desafio é grande, mas a Expointer deixou claro: o Agro continua sendo protagonista da história gaúcha.

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