CPI revela crise oculta na energia do interior
- Redação SulTV

- 5 de nov.
- 2 min de leitura
Falhas graves na fiscalização reforçam alerta sobre fornecimento de energia no interior

A CPI das Concessionárias de Energia Elétrica da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul voltou a movimentar o debate sobre a qualidade do fornecimento de energia no Estado. Em audiência realizada no dia 3 de novembro, a presidente da Agência Estadual de Regulação (Agergs), Luciana Luso de Carvalho, reconheceu que o órgão conta com apenas três servidores dedicados à fiscalização do setor elétrico e do gás. A declaração, de tom contundente, evidenciou a fragilidade estrutural de quem deveria garantir o cumprimento das obrigações das concessionárias e a segurança dos consumidores.
A fala da presidente reforça o cenário mostrado pela reportagem anterior da SulTV, que acompanhou a visita do deputado Marcos Vinícius, relator da CPI, à comunidade de Alto do Paraíso, em Camaquã. Na ocasião, o parlamentar ouviu relatos de moradores e produtores rurais que convivem com quedas constantes de energia. Em um episódio simbólico, enquanto a equipe da CPI estava no local, a luz acabou — retrato fiel de uma realidade que tem afetado diretamente o dia a dia de famílias e trabalhadores do campo.
O presidente da CPI, deputado Miguel Rossetto, afirmou que os dados coletados até agora indicam descumprimento de cláusulas contratuais por parte da CEEE Equatorial e que, se confirmadas as irregularidades, a comissão poderá recomendar a cassação da concessão. A empresa, segundo ele, não estaria cumprindo compromissos mínimos assumidos desde a privatização. As próximas oitivas já estão marcadas: a RGE será ouvida no dia 13 de novembro e a CEEE Equatorial no dia 24, quando deverão apresentar explicações formais sobre as falhas no serviço.
A Agergs também confirmou que há mais de 60 mil reclamações de consumidores por cobranças indevidas ou problemas no fornecimento. O número, aliado à carência de estrutura para fiscalização, levanta uma preocupação crescente sobre a efetividade da regulação. E, enquanto isso, nas comunidades do interior — especialmente nas da região da Costa Doce — as falhas persistem, prejudicando produtores de leite, fumo, arroz e vinho, que dependem da energia elétrica para manter suas atividades produtivas.
Na Costa Doce, a interrupção de energia não é apenas um incômodo: é uma ameaça econômica. Cada hora sem luz representa perdas de produção, danos a equipamentos e, em muitos casos, o comprometimento de safras inteiras. Em tempos de estiagens e eventos climáticos extremos, a falta de estabilidade no fornecimento se torna ainda mais crítica. A população cobra respostas, e as lideranças regionais pedem providências urgentes para evitar um colapso no serviço básico que sustenta o desenvolvimento local.
A SulTV acompanha de perto o desenrolar da CPI porque o tema tem impacto direto na vida das comunidades do interior. A emissora tem ouvido moradores, produtores e autoridades, buscando dar voz às pessoas que vivem na ponta desse problema e que precisam de soluções concretas. Mais do que uma questão técnica, o debate sobre o fornecimento de energia no Rio Grande do Sul é um retrato da relação entre serviço público, responsabilidade empresarial e qualidade de vida no campo.
O desfecho da CPI pode representar um divisor de águas para o futuro da energia — e da confiança — no interior do Estado.




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