Camaquã em Alerta: Cresce o Vício em Jogos Online entre Adultos, Revela Coordenadora de Saúde Mental
- Redação SulTV
- 24 de abr.
- 3 min de leitura

Em uma conversa esclarecedora na SulTV, a coordenadora de Saúde Mental de Camaquã, psicóloga Carol Ribeiro Von Ahn, detalhou o panorama dos serviços de saúde mental no município, abordando desde os casos mais frequentes até os desafios emergentes como o uso excessivo de telas e o crescente vício em jogos online. Com 13 anos de experiência na área, sendo 12 no serviço público, Carol compartilhou informações cruciais para a comunidade, alertando para sinais de sofrimento psíquico e orientando sobre como buscar ajuda.
Camaquã conta atualmente com cinco unidades de Saúde Mental, incluindo o CAPS Harmonia (adulto), o Ambulatório de Saúde Mental (casos leves a moderados a partir dos 16 anos), o Caica, o CAPS IA Crescer (infantojuvenil) e o Centro de Autismo. No CAPS adulto, a demanda se concentra em casos graves como transtornos de humor, histórico de tentativas de suicídio e uso de substâncias químicas. Já no público infantojuvenil, a variedade é maior, abrangendo transtornos de humor, ansiedade e queixas comportamentais vindas das escolas.
Um ponto crucial abordado por Carol foram os sinais de alerta em crianças e adolescentes. Ela enfatizou a importância da proximidade e da comunicação aberta entre pais e filhos para identificar mudanças de comportamento como isolamento, irritabilidade e alterações no humor. Em crianças, a depressão pode se manifestar como rabugice e reclamações constantes. A coordenadora celebrou a crescente busca por ajuda, impulsionada pela quebra de estigmas em relação ao tratamento psicológico e psiquiátrico, o que possibilita intervenções mais precoces e melhores prognósticos.
Para acessar os serviços de saúde mental em Camaquã, o primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (posto de saúde) do bairro, onde a pessoa passará por uma consulta médica e receberá o encaminhamento necessário para as unidades especializadas como o CAPS IA Crescer. Carol ressaltou que o tratamento é voluntário, sendo essencial o desejo do indivíduo em buscar ajuda.
Um tema preocupante levantado na entrevista foi o impacto do uso excessivo de telas, especialmente entre adolescentes. Carol estabeleceu uma ligação entre o tempo gasto em redes sociais e o aumento de casos de ansiedade e depressão, observando que a diminuição do contato social presencial em detrimento do virtual pode ser prejudicial ao desenvolvimento. Ela citou o relato de professores sobre a melhora na interação social e no engajamento dos alunos após a implementação de restrições ao uso de celulares em sala de aula.
Outro ponto de destaque foi o crescente número de adultos com vício em jogos online atendidos no CAPS adulto. Carol descreveu essa dependência como uma adição que pode levar a sérios problemas financeiros, ansiedade e depressão. O CAPS adulto oferece acolhimento e tratamento para esses casos, sem necessidade de encaminhamento, com foco na terapia como base para a recuperação e controle dos impulsos.
A coordenadora também comentou sobre a complexidade do tratamento de usuários de drogas, ressaltando a importância da aceitação do indivíduo. Camaquã não possui consultório de rua, mas o CAPS oferece atendimento para essa população. Carol fez um paralelo com outras condições de saúde, onde a adesão ao tratamento é fundamental para o sucesso.
Finalizando a entrevista, Carol compartilhou um dado expressivo do primeiro trimestre de 2025: o CAPS IA Crescer realizou 2.589 atendimentos, demonstrando a alta demanda por serviços de saúde mental infantojuvenil no município. Ela agradeceu a oportunidade de discutir um tema tão relevante e se colocou à disposição para futuros encontros, reforçando a importância de buscar ajuda e quebrar o silêncio em relação à saúde mental.
Assista à entrevista completa:
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