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Acordo União Europeia-Mercosul tem semana decisiva para definição após 20 anos

  • Foto do escritor: Donario Lopes de Almeida
    Donario Lopes de Almeida
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Abertura do mercado europeu é vista como chance para valorizar produtos e acelerar a adoção de sustentabilidade no agronegócio brasileiro.


União Europeia e Mercosul

O Sul do Brasil, com sua forte vocação para o agronegócio, acompanha de perto um movimento que pode redefinir o comércio internacional: a iminente votação europeia para autorizar a assinatura do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Após mais de duas décadas de negociações, a concretização deste pacto é vista como uma possível virada histórica para a economia brasileira, com potencial impacto direto nas cadeias produtivas gaúchas.


Este tratado representa mais que um simples acordo comercial. Ele propõe a integração de dois gigantes econômicos que, juntos, somam mais de 700 milhões de consumidores. Para o Brasil, a maior economia do Mercosul, a abertura de portas para o exigente mercado europeu, conhecido por seu alto valor agregado e grande capacidade de consumo, é uma expectativa legítima.


Embora o acordo ainda encontre resistência, principalmente entre nações europeias que protegem sua agricultura, o agronegócio brasileiro atual é significativamente diferente do que era no início das negociações, há 20 anos. O setor avançou em áreas cruciais como produtividade, tecnologia, rastreabilidade, sustentabilidade e governança. Existem cadeias produtivas no Brasil que já demonstram capacidade de atender aos rigorosos padrões ambientais e sociais exigidos pelo mercado europeu.


Em vez de ser visto como uma ameaça, o acordo pode funcionar como um catalisador para a diferenciação. Produtores eficientes e responsáveis tendem a ser beneficiados. O acesso preferencial ao bloco europeu tem o potencial de aumentar o valor dos produtos, estimular novos investimentos e acelerar a adoção de boas práticas agrícolas. Isso consolidaria o país como um fornecedor global confiável de alimentos, um ativo estratégico em um cenário internacional marcado por incertezas geopolíticas e climáticas.


Um benefício indireto, mas fundamental, é a previsibilidade que a assinatura traria. O sinal de compromisso do Brasil e do Mercosul com regras, contratos e integração econômica tenderia a atrair mais investimentos. Essa estabilidade não beneficiaria apenas a produção primária, mas toda a economia associada ao campo, desde a indústria de insumos e logística até a tecnologia e comunicação, setores que empregam e geram renda na região da Costa Doce.


O debate exige maturidade, reconhecendo que o acordo não é uma solução completa para todos os desafios internos, mas sim uma oportunidade concreta de posicionamento estratégico no cenário global. Para um país cuja relevância internacional foi construída sobre a produção competitiva de alimentos, energia e fibras, fechar-se a esses novos mercados não é uma opção viável. Se confirmado, o acordo UE–Mercosul pode inaugurar uma nova fase para o agro nacional: mais integrado, mais valorizado e com um papel ainda maior no cenário internacional.

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